quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Retratos do Chile - Viña Santa Rita (Via Wine Report)
Alexandre Lalas, diretor editorial do Wine Report, viajou durante uma semana pelo Chile, visitando dez vinícolas e provando vinhos. O resultado desta viagem é a série Retratos do Chile.
Viña Santa Rita - A Casa Real
Em 1880, Domingo Fernández Concha fundou, em Alto Jahuel, no vale do Maipo, a Viña Santa Rita. Ali mesmo, construiu sua casa e estabeleceu residência. Tanto casa quanto vinícola seguem preservadas até hoje. A antiga residência de Don Domingo virou o Casa Real hotel. E a adega, que passou por mais uma recente prova de fogo com o forte terremoto que atingiu o Chile no ano passado, segue produzindo vinho.
Hoje a Santa Rita é gerada por um grupo financeiro forte, tem outras vinhas e vinícolas espalhadas por Chile e Argentina, incluindo marcas de renome, como Carmen e Doña Paula. Mas em que pese toda a moderna administração e o jeito de holding que domina a empresa, uma visita a Casa Real é uma volta ao passado.
Antes mesmo da chegada ao hotel, vale um pit stop no restaurante Doña Paula. Reza a lenda que foi naquela mesma causa em que a Paula em questão escondeu 120 soldados que lutavam pela independência chilena (daí o nome da marca 120, gama de entrada dos vinhos da Santa Rita). Um museu andino aberto à visitação é outra atração imperdível.
Já no terreno da casa, a história está esparramada em paisagens bucólicas, pequenas construções – como a piscina murada erguida a mando de Don Domingo para que sua mulher pudesse se banhar protegida do olhar indiscreto dos empregados da vinha – e até uma linda igreja onde até hoje a alta burguesia chilena gosta de celebrar casamentos. Sem falar em uma vinha de moscatel plantada no século XIX e ainda em plena vida.
A residência onde morava Don Domingo foi adaptada e virou hotel. Mas as lendas seguem vivas. Como a que Doña Paula volta e meia aparece para os visitantes no quartos. Felizmente, sem a companhia dos 120 soldados por ela escondidos no casarão que hoje abriga o restaurante.
Ah, e há vinhos também. Muitos, por sinal. Produzidos sob a liderança da enóloga Cecilia Torres, uma das mais importantes do Chile. Em jantar no restaurante da Casa Real, em companhia da própria Cecilia, tivemos a oportunidade de provar uma pequena seleção dos rótulos da Santa Rita. E cuja nota de degustação, você pode ler abaixo.
Medalla Real Sauvignon Blanc 2010 – Vale do Leyda
Intenso no nariz, com notas de frutas cítricas bem marcadas, e um leve toque mineral. Na boca, repete a boca, com acidez pronunciada, médio volume, final citrino – 8
Medalla Real Chardonnay 2009 – Vale do Leyda
Fruta e madeira bem integrados no nariz, de média intensidade. Na boca, tem boa entrada, perde volume no meio, tem acidez correta, alguma cremosidade e um final médio – 8
Medalla Real Carmenère 2008 – Vale do Colchágua
Nariz de média intensidade, com notas bem marcadas de frutas negras e especiarias. Nada de notas verdes neste carmenère. Na boca, tem médio corpo, taninos suaves, final médio. Falta volume – 7,5
Medalla Real Cabernet Sauvignon 2008 – Vale do Maipo
Intenso no nariz, com notas de figos secos, cassis, alcatrão, especiarias e evolução para chocolate e café. Na boca, tem bom corpo, volume, taninos doces, concentração, acidez correta e final de médio a longo – 8,5
Casa Real Cabernet Sauvignon 2007 – Vale do Maipo
Vinho ícone da Santa Rita, um dos clássicos chilenos. Rico e intenso no nariz, com notas de frutas vermelhas e pretas, cassis, um toque de baunilha e evolução para chocolate. Na boca, tem corpo, concentração, volume, taninos finos, acidez viva, profundidade e um final longo. Vinho para guardar – 9
No Brasil, os vinhos da Santa Rita são representados pela importadora Grand Cru.
Por Alexandre Lalas
Via Wine Report
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