segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Receita: Mediterraneo, o drink para assistir o pôr do sol

Famoso no litoral do Mar Mediterrâneo, esse drink é perfeito para acompanhar o pôr do sol!

Ingredientes:

4 rodelas de laranja
  • 4 rodelas de limão
  • 15 g de açúcar mascavo
  • 90 ml (Alexander Prosecco Grappa)
  • Manjericão
  • Cubos de gelo
  • 90 ml (Bottega Gold Prosecco DOC)

Modo de preparo:
Misture o açúcar mascavo, 3 fatias de limão, 3 fatias de laranja e 4 folhas de manjericão em um copo. Derrame a Grappa e mexa bem. Adicione cubos de gelo e o Prosecco e mexa novamente. Encha com mais gelo e enfeite com uma fatia de limão e laranja e um raminho de manjericão.
Saúde!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Sol, verão e mar: mil motivos para tomar vinho na temporada de praia!

Opa, para tudo! Você ainda é do tipo que acha que vinho e praia não combinam?

Por Vinho do Bom

Então, prepare-se, pois estamos aqui para trazer novidades. Nesta matéria vamos apresentar motivos que vão te fazer curtir os dias de verão com novos sabores.

A propaganda com imagens super vibrantes de alegria quase faz a gente acreditar que cerveja é a única bebida que combina com praia e verão. Mas, basta sair da zona de conforto e ter um pouco de curiosidade para descobrir o prazer de harmonizar um delicioso vinho com dias à beira-mar.
Para começar, você pode se apropriar com naturalidade de uma das características mais comentadas de nossa bebida preferida, a elegância. Considerada uma bebida distinta, quem aprecia vinho é visto como uma pessoa de bom gosto.
Por que ficar com um único sabor na hora de bebericar algo na praia? Você pode se divertir brincando de conjugar a paisagem, a ocasião e o paladar, porque existem vinhos para todos os tipos de cenários marítimos.

O brilhante vinho da uva Chardonnay, por exemplo, apresenta um frescor indescritível e casa lindamente com a claridade do céu de verão e o dourado do sol.

Vinho Branco Terrapura Classico Chardonnay 2016 750 mL

O vinho rosé gelado harmoniza perfeitamente com as cores incríveis do pôr do sol, acompanhando a despedida do astro rei até o anoitecer.

Vinho Rosé Vistamar Brisa 2016 750 mL
Um tinto leve, frutado e cheio de frescor, como aqueles da uva Pinot Noir, enobrece a pele bronzeada e é perfeito para relaxar debaixo do guarda-sol.

Vinho Tinto Morande Reserva Pinot Noir 2010 750 mL

Para os apreciadores de espumantes, tanto os Brut quanto os Demi-Sec são ótimas escolhas para brindar o verão com muita personalidade. Vale saber que os espumantes brasileiros vêm conquistando premiações de prestígio, como as medalhas de ouro e de prata na edição de 2016 da renomada competição Vinalies Internationales, de Paris.

sangria é super refrescante e combina maravilhosamente com a abundância das cores tropicais. A versão contemporânea do drink ganha toques de especiarias e frutas como calda de maracujá e suco de limão siciliano, abusando de espumantes, vinhos brancos e rosé.
Gostou de tudo isso? Então dá uma olhada nas dicas de como levar os vinhos à praia e garantir que eles permaneçam fresquinhos.

Dicas para levar os vinhos para a praia e mantê-los gelados

1. Coloque as garrafas na geladeira na noite anterior;
2. Existem algumas maneiras de manter o vinho gelado, como a manta térmica, a wine bag e o Corkcicle. Mas, no verão, a dica é coloca-lo no cooler. Ao ir à praia, acomode as garrafas de vinho já frescas no cooler, entre camadas generosas de gelo;
3. Leve taças de acrílico, por segurança. Se possível, coloque-as no cooler para mantê-las com aquela camadinha refrigerada e inspiradora;
4. Lembre-se do guarda-sol. Não importa se você prefere ficar se bronzeando, o vinho prefere permanecer à sombra para manter o bom-humor.

A sensação de harmonizar vinhos com praia é de absoluto prazer! Mesmo apreciando todo o vinho do cooler, você não ficará com aquela sensação de estar inchado. Sintonize seu espírito de festas e férias porque não há nada como se instalar em uma cadeira na areia, com uma taça de vinho fresquinho na mão, enquanto ouvimos as ondas do mar quebrando à nossa frente.

Tim tim!


Alessandra e Ranimiro Lotufo são os nomes que estão por trás do Vinho do Bom, blog de vinho com ambiente descontraído e bem humorado. E é exatamente por isso que estão aqui, na Revista Digital da Grand Cru, compartilhando a experiência com os pequenos prazeres ao redor de uma taça de vinho. Acompanhe e divirta-se!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Como saber se um vinho deve ou não ser decantado?, por Daniel Perches

Você comprou ou ganhou um decanter e nunca usou por não saber quando fazê-lo? Aprenda com o nosso colunista Daniel Perches!

Por Daniel Perches

A palavra decantar é amplamente usada no mundo do vinho. Com frequência, podemos encontrar publicações e até mesmo fichas técnicas dizendo o tempo de decantação de um vinho. E por ser uma dúvida comum, trouxemos para cá a resposta, para ajudar você a tirar melhor proveito do seu vinho.

O que é decantar um vinho? Por que decantar um vinho?

Primeiramente vamos entender o que é a decantação. Ela é uma técnica utilizada para separar os resíduos sólidos do líquido. Esses resíduos podem ser cristais que vão se formando ao longo do tempo e que não fazem nenhum mal (só não são muito agradáveis) ou até pequenos pedaços de rolha, que pode se desfazer ao abrir o vinho, por exemplo.
Para isso, usa-se o decanter, que nada mais é do que um jarro para despejar o vinho e fazer essa separação. O decanter tem também a função de aerar o vinho, ou seja, fazer com que ele tenha maior contato com o oxigênio, liberando seus aromas e o evoluindo um pouquinho mais rápido, para que possa ficar mais prazeroso.
Sendo assim, os vinhos que precisam de decantação são esses que possuem os tais resíduos, e você consegue ver facilmente ele embaixo da garrafa, se coloca-la contra a luz antes de abrir. Ah, e fica uma dica: se você for decantar, o melhor é deixar a garrafa em pé por algumas horas antes de abrir. Assim todos os resíduos descem para o fundo e você conseguirá fazer a separação mais facilmente.
E para terminar, saiba que quando for decantar, você vai ter que deixar um pouquinho de vinho na garrafa, pois não vai conseguir tirar todo o líquido sem que venha alguma parte sólida. Infelizmente, esse é o “ônus” do negócio.
Um abraço e até a próxima dica!

Daniel Perches
Foi ao atender a conta de uma vinícola na agência em que trabalhava que o publicitário Daniel Perches descobriu sua paixão por vinho. Foi aí que sentiu a necessidade de escrever sobre o tema (e estudar também!). Deixou a carreira de 10 anos de lado e passou a se dedicar exclusivamente a seu blog vinhosdecorte.com.br e outras publicações. Seu objetivo? Que o vinho faça parte cada vez mais do cotidiano das pessoas. Aqui, assina a coluna Pergunte ao Daniel.


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Vinho rosé: a substituição ideal da cerveja em uma mesa de bar

Você sabia que durante o verão do Mediterrâneo, que pode chegar até incríveis 50°C, o vinho rosé é a bebida preferida dos europeus?

O motivo é simples: um vinho rosé gelado é leve, refrescante e vai super bem com canapés, entradinhas e aperitivos, principalmente com os petiscos fritos.
Devido ao amargor do after taste, os rosés possuem a mesma característica da cerveja do tipo Pilsen – a mais consumida no Brasil – de limpar o paladar enquanto beliscamos aperitivos deliciosos na mesa do bar . Além disso, este tipo de vinho combina bastante com as comidinhas preferidas dos brasileiros, como a linguiça calabresa, mandioca, polenta e batata fritas, onion rings, lula à dorê e provolone à milanesa.
O motivo de não bebermos vinhos rosé no Brasil como bebemos cerveja é simples: um costume cultural. Mas que já está mudando! Cada vez mais vemos os brasileiros pedindo um vinho rosé em um balde de gelo nas mesas das calçadas, principalmente durante o verão.
Para se ter uma ideia da versatilidade dos rosés, eles podem acompanhar uma variedade impressionante de pratos, de saladas, peixes e carnes brancas, a tortas salgadas, pizzas , queijos e frituras em geral.

Harmoniza com: o vinho Rosé Romance Cotes de Provence, a acidez deste rosé é perfeita para acompanhar frituras.
Vinho Rose Romance Cotes de Provence 2015 750 mL

O vinho rosé também é perfeito para aquela tarde à beira da piscina e ainda não estufa como a cerveja. Quer outra boa notícia? Para mostrar a versatilidade desse tipo de vinho, separamos dez aperitivos deliciosos que combinam perfeitamente bem com um vinho rosé!

1. Pizza aperitivo

Tanto um belo pedaço de pizza de mussarela quanto uma pizza inteira de pepperoni servida como aperitivo combinam bastante com um vinho rosé, que equilibra o sal do queijo e a gordura e o sabor picante da linguiça.
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2. Lula à dorê

Um delicioso petisco de lula bem temperada e frita, com uma crosta crocante, em uma versão do chef Edu Guedes. 
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3. Papas bravas (batatas bravas)

As batatas bravas são um dos aperitivos espanhol mais adorado pelos brasileiros. Imagine batatas crocantes por fora e macias por dentro acompanhadas de dois molhos deliciosos servidos separadamente, um de pimentão com tomates e um de alho. 
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4. Linguiça Alheira

A Alheira é um prato típico português, feito com porco, frango e alho. Nossa indicação de receita é a Alheira de Mirandela, a mais famosa do país, vinda da região de mesmo nome. 
alheira-portuguesa-linguica-harmoniza-vinho-bar-cerveja

5. Bruschetta de presunto cru

Uma receita fácil e rápida, que pode servir de entrada ou de petisco. Bruschetta todo mundo já conhece, mas a receita pode ser preparada com presunto cru e fica deliciosa. 
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6. Canapés de salmão
O perfeito petisco ou entradinha para comer no bar ou com os amigos em casa. Crocante e macio, perfeito para o verão! 
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7. Arancini de funghi

O aperitivo italiano feito de risoto com recheios diversos é uma delícia para beliscar durante a tarde. Nossa receita é feita com um mix de (shiitake, shimeji, paris e portobello). 
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8. Cachorro quente

Já que estamos falando de vinho Rosé, nossa indicação de cachorro quente é uma versão à francesa da chef Roberta Sudbrack. 
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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Errazuriz: a vinícola familiar chilena que se tornou uma das mais importantes do mundo

Conheça a história da vinícola chilena que foi pioneira no cultivo da uva no Vale do Aconcágua e acabou se tornando uma das bodegas mais importantes do mundo do vinho.


A história centenária da Viña Errazuriz

A Viña Errazuriz foi fundada em 1870 por Don Maximiano Errázuris, recém-chegado da Espanha no Chile. Pioneiro no ramo da viticultura no país, Don Maximiano decidiu plantar as primeiras mudas de videiras francesas no Vale do Aconcagua. O vale fica a apenas 12 km do Oceano Pacífico, numa região de clima frio e solos de ardósia, e que recebe grande influência marítima.
Enquanto na época a maior parte das vinícolas se estabelecia nos arredores da capital Santiago, Don decidiu viajar pelo Chile me busca do terroir perfeito. E encontrou o pedaço de terra que queria ao norte, no Vale Aconcagua.

O Vale do Aconcagua, berço da vinícola chilena Errazuriz.
Em 1983, Eduardo Chadwick e seu pai, Don Alfonso, se juntaram à Viña Errazuriz e passaram a estudar a fundo o processo de viticultura, o processo de produção de vinhos finos e, mais especificamente, os vinhos de Bordeaux. Chadwick foi um dos líderes da revolução vitivinícola do Chile, e essa parceria foi fundamental no reconhecimento do potencial do país de produzir vinhos de alta qualidade e na aplicação de novas tecnologia no processo de produção da bebida.
Os resultados vieram rápido. Em 1993, a Errazuriz se tornou uma das primeiras vinícolas a cultivar vinhedos da uva Syrah no Chile. O clima mediterrâneo do Vale Aconcagua permitiu que a casta se desenvolvesse ali de maneira formidável, inclusive com expressões variadas de acordo com o terroir em que se localizava entre a costa e as montanhas. Além da Syrah, outras castas, como a Sauvignon Blanc, a Chardonnay e a Pinot Noir, também encontraram terreno fértil no vale.


Clima mediterrânico com grande influência marítima na região onde estão os vinhedos da Errazuriz.

Berlin tasting, o novo Julgamento de Paris
O objetivo de Chadwick era levar os vinhos chilenos ao reconhecimento internacional e, para isso, propôs um novo desafio de degustação de vinhos ao estilo do Julgamento de Paris.
Para quem não conhece, a histórica prova de degustação às cegas foi conduzida por Steven Spurrier em Paris no ano de 1976. O objetivo de Spurrier era mostrar aos colegas sommeliers a revolução que estava acontecendo no mundo dos vinhos californianos, que sofriam grande preconceito por parte da crítica especializada.
Para provar seu ponto, ele propôs uma degustação a cegas com rótulos de Bordeaux e, em segredo, incluiu alguns vinhos da Califórnia. Dentre inúmeros vinhos degustados, os colegas de Steven Spurrier elogiaram os rótulos californianos como se a safra desses “Bordeaux” tivesse sido excepcional. Foi aí que descobriram que, na verdade, tinham acabado de degustar exemplares da Califórnia.
Esta degustação ficou conhecida mundialmente porque na época os vinhos franceses eram tidos como os melhores do mundo.
Inspirado na história, Eduardo Chadwick organizou uma degustação nesses mesmos moldes em Berlim levando seus vinhos íncones – Don Maximiano Founder’s Reserve, Seña e Viñedo Chadwick, junto com outros importantes rótulos de vinícolas importantes do Velho Mundo do vinho.
Este evento, conhecido como The Berlin Tasting, foi um marco na história da produção de vinho do Chile. A degustação foi reproduzida ao longo de quase duas décadas e replicado em mais de 15 capitais do mundo. E os vinhos da Errazuriz sempre ficavam entre os três primeiros colocados.


A degustação The Berlin Tasting.
A descoberta da Carménère no Chile
Em 1994, a casta Carménère foi descoberta por acaso no Chile, misturada à exemplares da uva Malbec (aqui contamos toda a história dessa surpreendente descoberta). No país, a Carménère se desenvolveu de maneira excepcional, se expressão de forma ainda mais notável do que em sua terra natal, a França, onde havia sido creditada como extinta após a praga Filoxera tomar conta do Velho Mundo.
Dez anos após sua redescoberta, a Viña Errazuriz lança o vinho KAI, feito da variedade. O nome homenageia uma planta nativa do Chile, quase extinta nos dias de hoje. O KAI recebeu prêmios e pontuações altas em publicações internacionais, e a colheita de 2006 foi a vencedora no Berlin Tasting em Nova York de 2010.
Don Maximiano Founder’s Reserve, o ícone emblemático da Vinã Errazuriz, é o único vinho chileno eleito das safras 2010 e 2010 como Best in Show e Best Super Premium Red em duas edições consecutivas do Annual Wines of Chile Awards (AWOCA), a competição de vinhos mais importante do país, organizado pela Wines of Chile.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

5 fatos sobre os vinhos da Itália que você não sabia


A região que hoje conhecemos como Itália foi uma das primeiras do mundo a produzir vinho, há quase três mil anos . Com todo esse tempo de história, o país conseguiu reunir um belo conjunto de  lendas e curiosidades que envolvem o mundo da bebida. Confira as cinco curiosidades que separamos para compartilhar com você:

5 fatos sobre vinhos da Itália que você não sabia

1. Tente adivinhar: quantos litros de vinho bebe, em média, um italiano por ano?

Aqui no Brasil a média de consumo de vinho per capita, ou seja, por pessoa, é de aproximadamente dois litros de vinho por ano. Isso é um pouco mais de duas garrafas, talvez duas garrafas e meia. Já na Itália, a média dos italianos é de… 45 litros anuais! É quase uma garrafa inteira de vinho toda semana, para cada italiano.

2. Conheça a história do galo preto que acabou com uma guerra entre duas cidades italianas

Os vinhos de Chianti possuem sempre um galo preto no topo do selo que lacra a rolha. Já reparou nisso?
A história do galo é bem antiga, datada de séculos atrás, ainda durante a Idade Média. Florença e Siena disputavam há décadas por causa das fronteiras que delimitavam as duas cidades. E a região que conhecemos hoje como Chianti ficava exatamente entre elas.
Para colocar um fim à disputa, foi decidido realizar uma corrida entre dois cavaleiros. Cada cidade escolheria um cavaleiro que deveria correr de sua cidade natal em direção à outra e, onde eles se encontrassem no caminho, seria definido os limites da cidade. A largada seria dada pelo canto do galo da cidade anunciando o início de um novo dia.
É de pensar que em uma corrida dessas tudo pode influenciar no resultado, como a idade do cavalo, o peso do cavaleiro e a distância a ser percorrida. No entanto, as cidades se voltaram para escolher o galo ideal que daria o sinal para seu respectivo cavaleiro.
Em Siena, decidiram escolher um galo branco, muito bonito, gordo e de raça, um ilustre exemplar da espécie. O galo foi muito bem alimentado na véspera da corrida, para cantar bem alto e com força. Já em Florença, o povo selecionou um galo preto, e decidiram deixá-lo alguns dias sem comer.
No dia da corrida, o galo branco cantou logo à primeira luz do dia e o cavaleiro de Siena partiu. O que não era esperado era que o galo preto, sem comer há dias, havia ficado louco durante a madrugada e desatou a cantar faltando muito tempo para o sol nascer, de forma que o cavaleiro florentino saiu de sua cidade com muitas horas de vantagem. As fronteiras de Chianti foram estabelecidas dessa forma, e o galo preto virou símbolo da região.

3. Vino di Meditazzione, eles meditam mesmo?

Já ouviu falar dos tradicionais vinhos de meditação da Itália? O vinho de meditação é um vinho bastante peculiar. Diferentemente de um vinho tradicional, os rótulos que ganham esse nome evoluem logo depois de abertos, e precisam ser degustado com calma, sem pressa, ao longo de algumas horas.
Para provar um vino di meditazzione, sirva-se de uma taça da bebida após abrir a garrafa e deixe o restante do seu conteúdo decantando. Faça a degustação, prestando bastante atenção aos aromas e sabores percebidos. Logo que acabar a taça, sirva-se de mais uma. Faça novamente a degustação, percebendo os novos aromas e texturas que se formaram durante o tempo de espera. A terceira taça vai trazer ainda mais complexidade aromática e de sabores. E assim, por diante, até acabar a garrafa.

4. Os 750 mL da garrafa de vinho: uma medida nada redonda

Especula-se que o vidro tenha sido inventado três mil anos antes de Cristo pelos fenícios, mas foram apenas os romanos que desenvolveram as suas técnicas de produção e manipulação. As primeiras garrafas de vidro eram utilizadas para armazenar bebidas em geral, mas os vinhos ainda eram guardados nos tradicionais jarros de barro.
A bebida só teve contato com as garrafas de vidro na Itália no século XVI. Nessa época, o vidro era feito a partir da coleção da massa fundida, que era colocada em um molde e então soprada pelo artesão, para ficar com o miolo oco. Os 750 mL eram a capacidade dos pulmões deste artesãos que assopravam o vidro incandescente e, por isso, se tornou o tamanho padrão das garrafas de vinho – até os dias de hoje.

5. Infinocchiare, a enganação da erva-doce

Antigamente, na Itália, os negociantes de vinho degustavam as bebidas antes de comprar um lote para ser comercializado. Para vender mais, os camponeses que produziam os vinhos ofereciam aos negociantes um pouco de comida para acompanhar a degustação. O petisco oferecido era o finocchio (erva-doce em português) fresco, mergulhada em um pouco de azeite e sal.
Quando a erva é consumida antes do vinho, ela altera a percepção do paladar e esconde possíveis defeitos da bebida. Daí a origem da palavra italiana infinocchiare, que significa enganar, pois os camponeses enganavam os negociantes de vinho com finocchio para conseguir vender vinhos que não haviam alcançado a excelência pretendida.
Conhece outros fatos sobre vinho na Itália? Compartilhe conosco!

terça-feira, 7 de março de 2017

Especial Mês das Mulheres: Entrevista com Daniela Salinas, enóloga da Morandé Adventure

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que é celebrado mundialmente no dia 08/03, preparamos um especial Mês da Mulher aqui o portal de conteúdo da Grand Cru.
Durante todo o mês de março, vamos convidar e entrevistar sommelières, enólogas, executivas e mulheres que trabalham em diversas funções no mundo do vinho para compartilhar o trabalho que estão desenvolvendo!
Para estrear este espaço especial, entrevistamos a enóloga Daniela Salinas, profissional a frente da Morandé Adventure (antiga House Casa del Vino), um projeto do Grupo Belén, cuja sede é na  vinícola chilena Morandé, e que fomenta trabalhos de experimentação e produção de vinhos autorais, feitos à mão. O resultado é uma linha muito especial de vinhos diferentes, criativos e inovadores.
Confira a entrevista!
Equipe Grand Cru: Como costuma ser comemorado o Dia das Mulheres no Chile?
Daniela Salinas: O dia Internacional das Mulheres é um dia em que todos as mulheres vão para a rua marchar e falar sobre direitos e visibilidade. Infelizmente para nós, enólogas, o dia 8 de março coincide com o auge da época da colheita de uvas, estamos em uma grande correria e o dia passando voando.
GC: Como foi a sua trajetória até se tornar uma enóloga?
DS: Eu sou formada em Engenharia Agrônoma e fiz um mestrado em enologia e vinicultura. Estudei cinco anos de agronomia na universidade e outros três anos para ser especialista em enologia. Eu estudei muito tempo. Enquanto isso, trabalhei nas colheitas em diferentes vinícolas.
Eu decidi fazer enologia quando tinha 17 anos. Meu avô era francês e a verdade é que eu sempre estive muito ligada ao campo, a beber bem mais do que a fazer vinho. Ao mesmo tempo me dei conta que também tinha muita facilidade para detectar aromas, para poder relacioná-los a uma memória sensorial.
Enquanto ainda estava na minha cidade natal, poderia ter escolhido áreas distintas para trabalhar. Criar animais, cultivos vitivinícolas ou diretamente na parte de economia agrária. Decidi ser enóloga porque foi uma área que sempre me agradou muito.
Quando cultivei os primeiros ramos de parreira, assinei os primeiros rótulos produzidos, me dei conta de que isso era o que eu queria fazer para toda a minha vida: fazer vinho. E, de certa maneira, percebi que fazer vinho era, em si, um processo muito natural para mim. Esse é o lado romântico da minha história de fazer vinho.
Por outro lado, trabalhar na vinícola é sempre um caos. É sempre algo divertido, mas sempre um caos. Todos os dias acontece alguma coisa. Terminando a colheita parece que vai ter um pouco mais de calma, mas logo chega a hora de fazer os blends para os vinhos e cuidar da guarda.
GC: Por ser mulher, você já encontrou alguma dificuldade em sua trajetória profissional?
DS: Sim. Nessa área, na maioria das vezes os enólogos são homens. São sempre homens. E é mais difícil chegar a um certo nível, a uma certa hierarquia se você é mulher. Isso acontece justamente por este trabalho estar muito ligado ao campo e à vinícola, é um mundo um pouco mais machista, que tem um pouco mais de distinção entre os gêneros.
Na verdade, eu tive muita sorte porque me deixaram fazer coisas que colegas de trabalho minhas não podiam. Elas eram sempre enólogas assistentes, a segunda enóloga da vinícola, mas nunca atuavam como a enóloga que desenvolvia os seus próprios vinhos. É um pouco complicado. O campo é um lugar em que o machismo está muito presente.
Daniela Salinas apresentou os vinhos da Morandé Adventure no 11º Encontro do Sommelier da Grand Cru.
Daniela Salinas apresentou os vinhos da Morandé Adventure no 11º Encontro do Sommelier da Grand Cru.
GC: Quais enólogas inspiraram a sua trajetória?
DS: Irene Paiva [enóloga da Vistamar, vinícola do mesmo grupo da Morandé] é uma delas porque eu já a vejo trabalhar há cinco anos. Ela é muito profissional com o que faz e é muito determinada. Muito prática, quer resolver as coisas de forma rápida. Ela tem muita experiência nessa área. Tenho enólogas como referência que são de outras vinícolas. Por exemplo, eu gosto muito do trabalho que a Cecília Torres faz. Gosto também de outras enólogas mais jovens, que não são enólogas tão visíveis.
despechado-morande-adventure
GC: Qual é a história por trás do desenvolvimento do vinho Despechado, assinado por você?
DS: Eu descobri o vinhedo de onde vem as uvas do Despechado em 2007. Temos esse restaurante dentro da vinícola e, ao redor dele, um vinhedo. Eu sempre via esse vinhedo esquecido Ninguém cuidava muito, ninguém se preocupava muito com ele. E eu pensei “por que não se preocupar com ele?”, e então comecei a cuidar do vinhedo. E na verdade é que nesse momento me sugeriram fazer um vinho da maneira como eu sempre quis,  um vinho que foi inspirado em uma maneira feminina, e pensei “por que não fazer um vinho desse vinhedo?”. E com a uva que é a Pinot Noir.
Por estar perto da bodega, era fácil logisticamente. Antes de produzirmos este vinho, colhíamos as uvas e as misturávamos em outros cortes que fazemos na vinícola matriz, mas me pareceu que esta uva tinha um potencial especial. Ela possuía notas de frutas muito frescas, estava muito, digamos, em sua natureza pura. Ninguém nunca tinha se metido tanto dentro do vinhedo.
A verdade é que na primeira vez que fiz o vinho eu não sabia muito bem o que ia acontecer, só queria conservar esse caráter natural que tinha quando eu provava as uvas. O vinho não tem madeira por isso, porque eu queria conservar essa personalidade única que existia no vinhedo. Muitas vezes, a madeira amacia um pouco, faz uma troca que não é necessariamente o que você procura. O vinho é delicado, suave, mas ao mesmo tempo essa força que comentei, que está sempre aí.
GC: Como é o seu trabalho na Morandé Adventure?
DS: A Morandé Adventure reúne todos os enólogos do Grupo Belén, do qual faço parte. Eu sou como uma guardiã de todos os vinhos. Os vinhos que eu assino pessoalmente  são o Despechado e o Tirazis. Me encarrego 100% de fazê-los. Sobre os outros vinhos, o meu trabalho é acompanhar o enólogo conforme a uva vai amadurecendo, como vai ser vinificado, como vai evoluindo o vinho. De modo que chegue a um resultado completo. “Adventure” faz referência aos enólogos aventureiros, para nos inspirar a usar cepas diferentes, como a Pais, a Cinsault; cortes distintos; buscar formas distintas de vinificar, ovos, “tinajas” antigas, barricas, inox.
É como se fôssemos nos jogar em uma aventura diferente do que é fazer os vinhos das linhas principais da vinícola. Aqui dentro, é uma união, vamos fazendo tudo em conjunto. Cada enólogo tem uma percepção diferente do vinho, tem uma experiência diferente. A junção de todos esses atributos dá origem aos vinhos artesanais e autorais que temos.
 Vinho Tinto House Tirazis Syrah 2012 750 mL
Vinho Tinto House Tirazis Syrah 2012 750 mL
GC: Por que vocês buscam fazer vinhos naturais, com pouca intervenção?
DS: Isso tem a ver com o fato de querermos mostrar a fruta pura, a fruta mais delicada. Não usamos tanto leveduras e madeira. Já usamos convencionalmente em outras linhas de vinhos. Tentamos fazer algo um pouco mais divertido, um pouco mais inesperado. Colocamos as uvas para fermentar e não sabemos quando vai começar, quando vai terminar, quanto tempo vai levar. É um pouco mais dinâmico, um pouco mais divertido do que as outras formas de vinificar.
GC: Como você imagina as mulheres no mundo do vinho no futuro?
DS: Eu acredito que nós faremos cada dia mais. Já existem muitas mulheres trabalhando por trás de enólogos e que hoje não são visíveis, mas com o tempo serão. Muitas delas já têm os seus próprios projetos e aí está o mais interessante. Porque cada vez mais haverá maior número de vinhos feitos só por mulheres e para mulheres. Precisamos nos manter trabalhando sempre, fortes, porque em algum momento tudo isso será recompensado. O seu trabalho vai ser visto e isso não tem volta.
Conheça mais sobre o trabalho desenvolvido pela enóloga Daniela Salinas na Morandé Adventure aqui: www.morandeadventure.cl