sexta-feira, 29 de maio de 2015

Qual a temperatura certa para servir o vinho?

 Não fique na dúvida na hora de servir seu vinho. Aprenda com a Grand Cru Leblon qual a temperatura correta para cada tipo de vinho - do espumante ao vinho branco, tinto e até de sobremesa.

Muitos acabam deixando a temperatura de serviço do vinho de lado, principalmente quando se resolve, de última hora, abrir uma garrafa em casa. Apesar disso, a temperatura é fator fundamental na hora de degustar um vinho.
Quando o vinho está abaixo da temperatura indicada, seus sabores e aromas se inibem. Por outro lado, quando está acima da temperatura, seus defeitos se sobressaem, o álcool se torna muito perceptível ou, no caso dos espumantes, suas bolhas se dissipam rapidamente.
Existem termômetros adaptados para a garrafa de vinho, facilitando a medição da temperatura. Se não tem um em casa, siga uma regrinha básica: deixe o vinho na geladeira de quarenta minutos (tintos encorpados) a duas horas e meia (vinhos de sobremesa, espumantes e brancos leves).
shutterstock_163209509 (1)

Espumantes: 8°C

Evinho-espumante-nocturno-temperatura-servicoxemplos: Champagne, Prosecco e Cava



Brancos leves: 10°C

vinho-branco-sauvignon-blanc-temperatura-servicoExemplos: Sauvignon Blanc, Torrontés e Pinot Grigio



vinho-branco-mancura-chardonnay-temperatura-servicoBrancos de corpo médio: 12°C

Exemplos: Chardonnay, Chenin Blanc e Semillón


Rosés: 12°C

vinho-rose-brisa-temperatura-servicoExemplos: Provença e Navarra



vinho-tinto-morande-pionero-pinot-noir-temperatura-servicoTintos de corpo leve a médio: 14°C

Exemplos: Pinot Noir, Gamay e Merlot


Tintos encorpados: 18°C

vinho-vinho-encuentro-cabernet-sauvignon-temperatura-servicoExemplos: Cabernet Sauvignon, Malbec e Tempranillo



vinho-sobremesa-vistamar-moscatel-temperatura-servicoVinhos de sobremesa: 7°C

Exemplos: Colheita Tardia, Vinho do Porto, Sauternes e Pedro Ximénez

vinho-tinto-decanter-temperatura-certaDica do Sommelier

Vai decantar o vinho e quer deixa-lo resfriado na temperatura de serviço correta? Lembre-se que, à temperatura ambiente, o vinho ganha cerca de 2°C por hora. Sendo assim, a cada hora que o vinho vai passar no decanter, deverá resfria-lo 2°C a menos.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Os aromas do vinho

Das familiares frutas vermelhas, flores e baunilha até o petróleo e chocolate. Entenda os aromas do vinho e conheça os principais!
Pense em degustar um vinho e usar apenas palavras como “gostoso” e “perfumado” para descrevê-lo. Seria praticamente impossível transmitir a sua avaliação daquele vinho para terceiros, afinal gosto é gosto e não se discute. Foi justamente em busca de comunicar as sensações que o vinho proporcionava que se desenvolveu um vocabulário muito particular aos que da bebida desfrutam. E é graças à volatilidade do vinho (ligada ao seu teor alcoólico) que evaporam moléculas com carga aromática semelhante a de outros aromas que carregamos em nossa memória.
shutterstock_112195058
Agora entendeu por que é possível sentir morangos frescos, menta e pétalas de violeta ao se aproximar o nariz da taça? Conforme explica a Master of Wine Jancis Robinson no livro Como degustar vinhos, “o grande atrativo de beber vinho é que, mais do que qualquer outa bebida, ele é capaz de apresentar uma surpreendente gama de aromas – em particular ao se considerar que a matéria-prima é uma só”.
Saiba quais aromas procurar num vinho e use o seu repertório!

Aromas primários

São os aromas naturais a cada variedade de uva em determinada origem. Depois de a uva ser colhida e transformada em vinho, já é possível senti-los à taça – não implicam manipulação ou outros estágios.
shutterstock_155321138

Floral: Rosa, violeta, cravo, jasmim, madressilva, flor de laranjeira, flores secas ou murchas.

Frutas cítricas: Lima, limão, laranja e tangerina.

Frutas brancas e de caroço: Maçã, pera, marmelo e uva; pêssego, damasco e nectarina.

Frutas tropicais: Abacaxi, maracujá, banana, manga e melão.

Frutas vermelhas: Groselha, cereja, morango e framboesa.

Frutas negras: Ameixa, amora, groselha negra e cereja negra.

Vegetal: Pimentão verde e aspargo.

Herbáceo: Ervas, chá e menta.

Especiarias: Pimenta, tomilho, louro, cravo e noz-moscada.

Terroso: Terra, barro e cogumelos.

Mineral: Pedra, giz e petróleo.

Aromas secundários

São aromas desenvolvidos no vinho a partir de procedimentos posteriores à colheita, como fermentação malo lática, estágio em barril de carvalho.
shutterstock_112501889

Fermentação malolática: Leite, manteiga e iogurte.

Segunda fermentação: Fermento, pão, levedura, brioche e bolacha.

Barrica de carvalho: Chocolate, grafite, tostado, tabaco, amêndoa, caramelo, café e mel.

Aromas terciários

São aromas desenvolvidos no vinho, de maneira geral, a partir de sete anos que a bebida está arrolhada na garrafa. Também chamados de buquê aromático, representa o estágio de maior complexidade para o aroma de um vinho.
shutterstock_127276058

Floral: Flores secas e flor de macieira.

Frutas: Frutas secas e em compota.

Frutos secos: Avelã, noz e amêndoa.

Balsâmico: Café e madeira (carvalho, pinheiro, eucalipto).

Animal: Pele de animal, couro, carne e caça.

Vegetal: Floresta, cogumelo e trufa.

Especiarias: Pimenta, alcaçuz, baunilha, alcatrão e cravinho.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Como ler o rótulo de um vinho

Entender todas as informações de um rótulo de vinho pode ser um desafio e tanto. Aqui ensinamos os principais elementos e nomenclaturas. Aprenda!



Os elementos de um rótulo

Via de regra, os elementos de um rótulo são sempre os mesmos: produtor e/ou nome do vinho, região de cultivo das uvas, país, classificação quanto à denominação de origem, variedade, safra, graduação alcoólica e volume. Claro que existem diferenças entre Novo e Velho mundo, países, regiões, denominações e até mesmo produtores.

O que muda

A produção de vinhos monovarietais (ou seja, feitos de apenas uma variedade vinífera) começou no Novo Mundo ou, ao menos, foi por aqui que se passou a classificar vinhos a partir das uvas. Até hoje, não é muito comum encontrar vinhos do Velho Mundo que estampem o nome das uvas em sua garrafa. Eles existem, mas não são maioria. Se quiser, por exemplo, um Syrah da França, deve procurar por Crozes-Hermitage, denominação do Vale do Rhône. No Novo Mundo, será mais fácil procurar pela própria uva em rótulos da Austrália e do Chile.
Outra diferença é quanto ao tempo de envelhecimento em barril de carvalho. Muitos produtores simplesmente omitem a informação ou a colocam no contrarrótulo. Porém o órgão regulador da Espanha estipula regras para as nomenclaturas Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva. Os países do Novo Mundo adotaram a moda de envelhecer vinhos em carvalho, mas sem a mesma preocupação em determinar o tempo mínimo para cada uma das nomenclaturas. Basicamente, comprar um Malbec Reserva argentino significa que é um vinho que recebeu tratamento superior a outro Malbec daquela mesma vinícola.

Como saber a denominação de origem do vinho?

Em 1756, o Douro foi proclamada por Marquês de Pombal a primeira denominação de origem controlada (DOC) do mundo, de modo que o vinho do Porto ficasse protegido da concorrência externa. Sendo assim, nenhum outro vinho fortificado poderia ser chamado do Porto. Depois disso, cada pedacinho de terra foi se tornando uma denominação diferente. E cada país tem a sua própria nomenclatura. Saiba as principais:

França:

Apellation d’Origine Protégée (AOP) – Denominação de Origem Protegida (DOP)
Apellation d’Origine Contrôlée (AOC) – Denominação de Origem Controlada (DOC)
Indication Géographique Protégée (IGP) – Indicação Geográfica Protegida (IGP)
Vin de Pays – Indicação Geográfica Protegida (IGP)
Vin de France – Vinho sem indicação geográfica

Itália

Denominazione di Origine Protetta (DOP)
Denominazione di Origine Controllata (DOC) e Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG)
Indicazione Geografica Protetta (IGP)
Indicazione Geografica Tipica (IGT)

Espanha

Denominación de Origen Protegida (DOP)
Denominación de Origen (DO) e Denominación de Origen Calificada (DOCa)
Indicación Geográfica de Protegida (IGP)
Vino de La Tierra (IGP)

Alemanha

Geschützte Ursprungsbezeichnung/ g.U. (DOP)
Prädikatswein/ Qüalitätswein (DOC)
Geschützte Geografische Angane/ g.g.A. (IGP)
Landwein (IGP)

Como o envelhecimento em barril de carvalho aparece no rótulo?

Joven

É sempre o primeiro vinho da safra a sair da vinícola, por isso é conhecido como “vinho do ano”. Não passa por barril de carvalho.

Roble

A palavra espanhola já entrega – Roble é a primeira categoria a passar por barril (afinal, significa carvalho em espanhol). Passa de seis a oito meses em barris de carvalho.

Crianza

São vinhos que precisa envelhecer por dois anos antes de serem comercializados, sendo seis meses em carvalho.

Reserva

O autêntico espanhol passa no mínimo três anos na vinícola, sendo dois anos em carvalho.

Gran Reserva

Este é o Reserva que, depois de dois anos estagiando em carvalho, descansa por mais três em garrafa antes de sair da vinícola.

Unoaked e Oaked

Comum nos Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Unoaked significa que o vinho não passou por barril de carvalho, enquanto que oaked significa que passou. Apesar do indicativo, não há um tempo determinado para que seja possível estampar no rótulo.

Como aparecem os métodos de cultivo das uvas no rótulo?

Orgânico/ Biológico

Método de cultivo das uvas livre do uso de defensivos agrícolas como pesticidades, herbicidas e fungicidas.

Biodinâmico

Diferencia-se do orgânico por ser um método de cultivo das uvas com base na antroposofia, ciência que estuda o conhecimento ancestral da humanidade. Além de não contar com defensivos agrícolas, os biodinâmicos orientam a fase do cultivo pelo sistema lunar.

Como aparecem os métodos de vinificação e filtração do vinho no rótulo?

Natural

Não existe uma classificação oficial para os vinhos naturais. Os poucos que estampam no rótulo indicam vinhos fermentados com as leveduras naturais da própria uva e, por vezes, que não contém conservadores como sulfito.

Sem clarificação/ sem filtração

O nome já diz tudo – são vinhos que não passam por processo de clarificação e/ou filtração. Estes processos consistem na retirada de partículas naturais do vinho que deixam a bebida com certa turbidez.

Sur lie

A palavra francesa significa que o vinho foi engarrafado com as borras (leveduras mortas que restaram da fermentação).

Como aparece o nome do produtor do vinho no rótulo?

Château

Traduzida do francês, a palavra significa castelo, que em Bordeaux é sinônimo de propriedade vinícola.

Domaine

A palavra francesa signficia domínio, mas sobretudo na Borgonha refere-se a vinícola.

Weingut

Do alemão, significa produtor.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que é o tanino do vinho?

 Quem gosta de vinho sempre ouve falar em taninos, vinhos tânicos ou adstringentes. Não tenha mais dúvidas, entenda do que se trata com a Grand Cru Leblon!

Você pode até nem saber o que é tanino, mas com certeza já sentiu um amarrando a sua boca. Para começar, não é uma substância exclusiva das uvas – banana verde, caqui e caju são exemplos de frutas em que podemos senti-los.
Trata-se de um polifenol presente na casca e nas sementes da uva e que, quando mantidas em contato com o mosto, é transmitido ao vinho, trazendo a sensação de adstringência ao paladar.
shutterstock_128724788

Vinho branco tem tanino?

Como os vinhos brancos e rosés são mantidos por pouco ou nenhum contato com as cascas, seus taninos são praticamente inexistentes. Mas podem, sim, trazer adstringência, principalmente se forem vinificados com a casca, como os “vinhos laranjas”.

Uma uva pode ter mais taninos que outra?

Pinot Noir, Gamay e Grenache, por exemplo, são uvas tintas com casca fina e, portanto, poucos taninos. Já Cabernet Sauvignon, Syrah e Malbec são uvas que costumam proporcionar quantidade alta de tanino para um vinho.

O tanino em clima quente e frio

Vale lembrar que climas quentes ajudam a desenvolver taninos macios e maduros nas uvas, minimizando a sensação de adstringência. Por outro lado, climas frios deixam os taninos mais finos, porém potentes e mais adstringentes.

Tanino é sempre ruim?

Há quem goste de sentir taninos jovens e potentes pregando os sabores de um vinho por longos períodos nas bochechas, mas se você não é um deles, saiba que existe o lado positivo por trás dos taninos de um vinho.
Em primeiro lugar, a substância funciona, junto do álcool e da acidez, como um conservante natural da bebida, contribuindo para o envelhecimento por décadas em adega. É por isso que os vinhos ditos “de guarda”, quando aberto jovens, parecem austeros – ainda não estão totalmente equilibrados e prontos para agradar o paladar.
Além disso, os taninos são bons parceiros na hora de harmonizar um prato a seu vinho. É nas carnes gordurosas que encontram o equilíbrio perfeito.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

O serviço completo do vinho

Desde abrir a garrafa até servir a quantidade certa de vinho à taça parece ser um bicho de sete cabeças. Mas é mais simples do que imaginava.. Aprenda!

Como armazenar meus vinhos em casa?Climatizador

Os vinhos devem ser armazenados em posição vertical, em local de temperatura amena, livre de interferência solar e de trepidação. Uma adega climatizada seria o local ideal (e o mais fácil também!) para armazenar vinhos em casa – sempre na faixa dos 12 a 16°C. Caso não tenha uma, pode usar a criatividade e guardá-los num local que tenha as condições ideais de armazenamento, como em um armário ou debaixo da escada.

Como deixar o vinho na temperatura correta?

S283-PVDe maneira geral, vinhos brancos devem ser servidos a 11°C e os tintos a 17°C. Para deixa-los na temperatura ideal, leve os brancos à geladeira por duas horas e meia e os tintos por 40 minutos.

Como abrir uma garrafa de vinho?vinho-tinto-branco-abridor-saca-rolha

Existem muitos tipos de sacarrolhas – e eles vão desde os mais simples até os mais sofisticados automáticos e os mais populares do modelo borboleta. Recomendamos que procure pelo modelo “sommelier”, usado pelos profissionais de serviço do vinho. Com a ajuda da serrinha, na lateral do acessório, corte a parte superior do lacre. Em seguida, insira o espiral na transversal na rolha e vá rosqueando ele à medida que vai endireitando em posição vertical. Posicione o primeiro apoio no gargalo e comece a extrair a rolha. Mude o apoio e termine de retirá-la.


shutterstock_253285738Como decantar o vinho?

Depois de aberta a garrafa, verta o seu conteúdo – com calma -, de forma contínua e regular, dentro do decanter. Coloque o utensílio em superfície horizontal e deixe o vinho respirar no tempo necessário. 

Como servir o vinho à taça? E quanto servir?shutterstock_138354806

Segure com firmeza o bojo da garrafa de vinho e vire-a aos poucos até completar, em média, um terço da taça. Na hora de interromper o fluxo de vinho, dê aquela viradinha na mão, impedindo que gotas escorram pela garrafa ou caiam na mesa.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Aprenda a degustar vinho como um profissional

 A arte de degustar vinho não se limita a profissionais. Aprenda tudo o que precisa saber para degustar vinhos como um sommelier!


A prática da degustação

Muitos confundem degustar com beber – mas estas são práticas diferentes. Só se leva um vinho à boca na última etapa da degustação, e com um propósito diferente de apenas consumo. Basicamente, a degustação é o ato de se analisar e avaliar a qualidade de um vinho. Ao todo, são quatro etapas básicas: análise dos aspectos visuais, dos aromas, dos sabores e da estrutura em boca.

1) Aspecto visual de um vinho

shutterstock_122048434
A análise sensorial de um vinho começa, justamente, pelos olhos. O aspecto visual de um vinho funciona como indicativo das condições em que se encontra o vinho – e por isso é importante fazer esta avaliação num ambiente claro e sob uma superfície branca.
É claro que as cores variam entre vinhos brancos, tintos e rosés. Mas elas indicam, além de uma característica da própria uva, a idade do vinho. A coloração de um tinto jovem, por exemplo, varia entre rubi e granada, e o vinho vai ganhando, com os passar dos anos, um tom atijolado. Com os vinhos brancos, o processo é o contrário – um branco jovem costuma ter cor amarela ou esverdeada, mas torna-se mais escuro com o tempo de guarda – chegando a tons dourados ou âmbar.
A intensidade, por sua vez, pode estar relacionada tanto com a tipicidade da uva ou com a extração realizada pelo enólogo (afinal, o pigmento do vinho está na casca). Pode esperar que um Pinot Noir, por exemplo, seja menos intenso do que um Cabernet Sauvignon. Isso porque a casca da Pinot é bem fina, fazendo com que transmita menos pigmento e menos corpo ao vinho.

2) Aromas de um vinho

shutterstock_117636556
Você já deve ter visto muito “entendido” de vinho girar a taça e depois aproximá-la do nariz. Não precisa ter vergonha, não. Este é exatamente o segundo passo de uma degustação. E os aromas dizem muito de um vinho – além de serem uma das partes mais gostosas para os amantes da bebida.
A intensidade aromática de um vinho pode variar bastante, mas chamam mesmo a atenção suas características aromáticas. Não vale falar que está sentindo aroma de vinho, hein? Todo o resto que vier em mente está valendo – frutas vermelhas, baunilha, chocolate, vegetais, flores… 

3) Sabores de um vinho

shutterstock_173235917
É comum que os aromas de um vinho se repitam em boca, até porque parte daquilo que conhecemos como sabor não passa de partículas dos alimentos que se volatilizam e vão da parte posterior da língua para o nariz (os ditos “aromas de boca”). Podem ser descritos da mesma maneira que os aromas.

4) Estrutura de um vinho

O paladar pode notar alguma nota ou outra que o nariz não captou, mas há outros aspectos igualmente importantes para se analisar com a língua: doçura, acidez, tanino e corpo. Dizemos língua, pois é esse o órgão do corpo capaz de perceber tais aspectos. A doçura de um vinho, por exemplo, é percebida pela pontinha da língua. Já a acidez, característica que nos faz salivar quando muito expressiva, é captada pelas laterais da língua. Os taninos, polifenóis presentes na casca das uvas e que dão entonação adstringente aos vinhos, são percebidas, sobretudo, pelas gengivas. E o corpo do vinho – leve, corpo médio ou encorpado – não passa do peso que exerce sobre a língua.

E depois da degustação?

É ao final de uma degustação que seu propósito vem à tona. Além de gostar ou não do vinho, as etapas permitem que se tire conclusões objetivas a respeito da bebida. O vinho respeita as características da uva quando cultivada em determinada região? É equilibrado? Persistente? Intenso? Simples ou complexo?!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Saiba o que é terroir com Diego Pulenta

 O conceito do terroir parece mais complexo do que, de fato, é. Diego Pulenta, representando da quarta geração da família Pulenta, ajuda a entender, e ainda explica como a bodega Pulenta Estate enxerga a questão. 

CF020810

1) O que é terroir?

Os principais componentes do terroir são os solos e a topografia local, que em interação com o macro-clima determinam o meso-clima e, em última instância, o micro-clima da planta. A combinação dos fatores indicados dá como resultado uma característica própria e única que define o terroir, a que se refere com relativa constância nos vinhos de cada ano, dependendo também, mesmo que em menor grau, da arquitetura da cepa e do método utilizado para elaborar o vinho.
O resultado de cada terroir é único e irreproduzível, não podendo obter-se a mesma qualidade em outras condições nas que atuam todos os fatores mencionados em cojunto.
Os parâmetros fundamentais que devem ser considerados são:

– Clima: com medições de temperatura, regime pluvial, amplitude térmica, períodos livres de geada, etc.

– Radiação solar: intensidade e qualidade (relações de longitude da onda).

– Topografia: altitude, inclinação e exposição.

– Edafologia: determinação da textura (argilosa, arenosa, limosa, etc), estrutura, determinações químicas e físicas do solo (retenção de água, percolação, infiltração, matéria orgânica, etc), profundidade do solo, origens, lençóis freáticos.

– Hidrologia: regime de irrigação.

Em termos gerais, os fatores são naturais e não cabem a eles a intervenção significativa do homem, exceto às que se referem ao microclima, podendo, por exemplo, favorecer uma maior exposição das folhas e ramos por meio de sistemas de condução de copa divididas ou regulando o regime hídrico através da irrigação, etc.

2) Para você, qual é a importância dessas características no vinho?

É muito importante a relação entre a planta e o micro-clima, algo que se vê diretamente refletido no vinho. As características de um vinho definem todos os aspectos já mencionados. Por isso, a importância dessa relação.

3) Por que mesclar frutas de diferentes regiões, como no Pulenta Estate Malbec 2011? Qual é o resultado esperado à taça?

Quando nasceu a bodega Pulenta, quisemos mostrar a nossos consumidores o melhor do Malbec argentino. E acreditamos que isso se dá mesclando as características de Malbec de distintas zonas. No caso do Pulenta Estate Malbec, utilizamos uvas de Agrelo, que nos aportam características únicas de frutas vermelhas como cerejas e notas florais, tais como violetas. Além disso, [nossa intenção era] dar um tanino muito elegante e redondo. Combinado com uvas de Los Arboles, no Vale do Uco, que por ser uma zona mais elevada, mais fria e mais pedregosa, nos dá maior concentração de cor, mais estrutura, com taninos mais presentes e maior acidez. Além das notas minerais, assim como de frutas negras. Além disso, a Pulenta está apresentando uma nova série de vinhos Pulenta Single Vineyard, onde se elaboram Malbec com as uvas de um só vinhedo. Aí podemos notar essa diferença.

4) Você acredita que o homem deve fazer parte do conceito de terroir?

Acredito que, como disse, a influência do homem no micro-clima é muito importante para o desenho do vinho que queremos alcançar. As características que nos aportam os solos e a topografia influenciam em um percentual muito alto no vinho final, e há certas variáveis que o enólogo pode manejar para o desenho do vinho final. Por exemplo, na Argentina, a acidez natural é difícil de alcançar, salvo quando fazemos a colheita muito cedo. Isso é uma característica do nosso terroir. Como na França é permitida a chaptalização, quando não se chega a níveis de açúcar de maturidade. Mas o enólogo, no caso da Argentina, pode decidir fazer uma colheita antecipada com álcool baixo para obter essa acidez natural. Isso é o que fazemos para o nosso Sauvignon Blanc, colhido em três etapas. Ou conduzindo a irrigação para influir no crescimento dos ramos.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Chardonnay: a uva branca mais popular

Saiba a história da Chardonnay e descubra como se tornou famosa pelo mundo todo. Conheça também as características da uva em cada uma da principais regiões de cultivo. 

Até a década de 1970, a variedade branca Chardonnay era cultivada principalmente nas regiões da Borgonha, sobretudo em Chablis, onde dá origem a vinhos brancos minerais; e em Champagne, onde ainda dá origem aos mais famosos espumantes do mundo.
Mas ao Novo Mundo ela chegou e, na década de 1980, passou a ser estampada em rótulos que chamaram a atenção dos consumidores – e ainda o fazem até hoje.
shutterstock_160630484

Características da Chardonnay

A uva é de fácil cultivo e adaptação em diferentes climas – de frio a quente e moderado. O resultado? Suas características variam muito de acordo com cada terroir e, inclusive, com os métodos de vinificação.

Chardonnay no nariz

A uva tem aromas de frutas verdes, cítricas e hortaliças em climas frios, como a Borgonha; de frutas brancas e cítricas, sobretudo melão, em climas moderados, como Mendoza; e frutas tropicais em climas quentes, como a Califórnia. Os melhores Chardonnays, depois de envelhecerem, desenvolvem complexas notas de mel e frutas secas.

Chardonnay no paladar

Os vinhos de Chardonnay tendem a ter baixa acidez e grande concentração de corpo, principalmente quando estagiam em barris de carvalho novos, o que acentua essas características.

Métodos de vinificação

Fermentação malolática

O método consiste em fermentar o vinho dentro de um barril de carvalho. Comum nas melhores comunas da Borgonha, o procedimento traz maior complexidade e corpo à bebida, além dos sabores lácteos (o nome não é em vão!).

Contato com as borras

Depois da fermentação, seja malolática ou não, o enólogo precisa fazer uma escolha: deixar o vinho em contato com as borras (resíduos de leveduras que restaram da vinificação) ou retirá-las. Se optar pelo contato com as borras, conduz o vinho para que desenvolva complexidade aromática ainda maior, como madeira e especiarias, e cremosidade extra.

Estágio em carvalho

Quando vinho não passa pela fermentação malolática, é comum que o vinho passe por barril de carvalho antes de ser engarrafado. Neste período, adquire notas de torrada, baunilha e coco.

As principais regiões

A Chardonnay, assim como a Cabernet Sauvignon, é cultivada em diversas partes do mundo. Mais sóbria e elegante no Velho Mundo, mais alegre e vivaz no Novo Mundo. Saiba a diferença:

Velho Mundo

A máxima expressão da Chardonnay é encontrada na Borgonha, mas não espere encontrar o nome da uva estampado nos rótulos. A tradição do Velho Mundo é priorizar a região, portanto, procure por ChablisCôte d’Or,Mâcconais e Pouilly-Fuissé.
O solo calcário de Chablis, região que já foi coberta pelo mar, transmite caráter mineral a seus vinhos. Além de serem bastante secos, tem acidez alta, contrariando por completo o perfil que a casta adquire no Novo Mundo. É possível encontrar Chablis mais frutados, mas os classificados Grand Cru e Premier Cru costumam trazer mais o caráter mineral.
Com clima moderado, Côte d’Or tem as condições ideais para o cultivo da cepa. Por lá, é mais comum que os rótulos tragam o nome das comunas das quais provém. Mersaut e Puligny-Montrachet são as mais renomadas – seus Chardonnays passam, normalmente, por fermentação malolática e são mantidos em contato com as borras, resultando em vinhos mais complexos, saborosos e cremosos.
Já Mâconnais é a região mais importante para a Chardonnay na Borgonha, e produz desde os mais simples, leves e frutados – denominados apenas Mâcon -, oferece os Pouilly-Fuissé, mais encorpados, com notas de frutas tropicais e de madeira.

Novo Mundo

Destacam-se no Novo Mundo as regiões costeiras da Califórnia, sobretudo nas denominações de Russian RiverSonoma ou Carneros, onde alguns produtores seguem a escola borgonhesa de se fazer Chardonnay. É nessas regiões que o amadurecimento da uva é mais lento, contribuindo para maior complexidade de seus aromas. Mesmo assim, são vinhos tipicamente encorpados, com destaque às notas frutadas e do período em madeira.
Ainda no Novo Mundo, a interferência marítima e o nevoeiro da manhã noVale de Casablanca, no Chile, contribuem no desenvolvimento de aromas mais complexos e na concentração de acidez. Alguns rótulos do Vale Centraltambém chamam bastante atenção, sobretudo na relação custo-benefício.
Mendoza, principal região vinícola da Argentina, não fica de fora do circuito da Chardonnay no mundo. A principal variedade branca encontra seu lugar nos terrenos de maior altitude, onde encontra temperaturas mais frescas. Assim como na Argentina, a Chardonnay se desenvolve melhor nas partes mais frescas da Austrália. VictoriaAdelaide Hills e Margaret River são as principais regiões para o cultivo da cepa.