terça-feira, 19 de maio de 2015

Saiba o que é terroir com Diego Pulenta

 O conceito do terroir parece mais complexo do que, de fato, é. Diego Pulenta, representando da quarta geração da família Pulenta, ajuda a entender, e ainda explica como a bodega Pulenta Estate enxerga a questão. 

CF020810

1) O que é terroir?

Os principais componentes do terroir são os solos e a topografia local, que em interação com o macro-clima determinam o meso-clima e, em última instância, o micro-clima da planta. A combinação dos fatores indicados dá como resultado uma característica própria e única que define o terroir, a que se refere com relativa constância nos vinhos de cada ano, dependendo também, mesmo que em menor grau, da arquitetura da cepa e do método utilizado para elaborar o vinho.
O resultado de cada terroir é único e irreproduzível, não podendo obter-se a mesma qualidade em outras condições nas que atuam todos os fatores mencionados em cojunto.
Os parâmetros fundamentais que devem ser considerados são:

– Clima: com medições de temperatura, regime pluvial, amplitude térmica, períodos livres de geada, etc.

– Radiação solar: intensidade e qualidade (relações de longitude da onda).

– Topografia: altitude, inclinação e exposição.

– Edafologia: determinação da textura (argilosa, arenosa, limosa, etc), estrutura, determinações químicas e físicas do solo (retenção de água, percolação, infiltração, matéria orgânica, etc), profundidade do solo, origens, lençóis freáticos.

– Hidrologia: regime de irrigação.

Em termos gerais, os fatores são naturais e não cabem a eles a intervenção significativa do homem, exceto às que se referem ao microclima, podendo, por exemplo, favorecer uma maior exposição das folhas e ramos por meio de sistemas de condução de copa divididas ou regulando o regime hídrico através da irrigação, etc.

2) Para você, qual é a importância dessas características no vinho?

É muito importante a relação entre a planta e o micro-clima, algo que se vê diretamente refletido no vinho. As características de um vinho definem todos os aspectos já mencionados. Por isso, a importância dessa relação.

3) Por que mesclar frutas de diferentes regiões, como no Pulenta Estate Malbec 2011? Qual é o resultado esperado à taça?

Quando nasceu a bodega Pulenta, quisemos mostrar a nossos consumidores o melhor do Malbec argentino. E acreditamos que isso se dá mesclando as características de Malbec de distintas zonas. No caso do Pulenta Estate Malbec, utilizamos uvas de Agrelo, que nos aportam características únicas de frutas vermelhas como cerejas e notas florais, tais como violetas. Além disso, [nossa intenção era] dar um tanino muito elegante e redondo. Combinado com uvas de Los Arboles, no Vale do Uco, que por ser uma zona mais elevada, mais fria e mais pedregosa, nos dá maior concentração de cor, mais estrutura, com taninos mais presentes e maior acidez. Além das notas minerais, assim como de frutas negras. Além disso, a Pulenta está apresentando uma nova série de vinhos Pulenta Single Vineyard, onde se elaboram Malbec com as uvas de um só vinhedo. Aí podemos notar essa diferença.

4) Você acredita que o homem deve fazer parte do conceito de terroir?

Acredito que, como disse, a influência do homem no micro-clima é muito importante para o desenho do vinho que queremos alcançar. As características que nos aportam os solos e a topografia influenciam em um percentual muito alto no vinho final, e há certas variáveis que o enólogo pode manejar para o desenho do vinho final. Por exemplo, na Argentina, a acidez natural é difícil de alcançar, salvo quando fazemos a colheita muito cedo. Isso é uma característica do nosso terroir. Como na França é permitida a chaptalização, quando não se chega a níveis de açúcar de maturidade. Mas o enólogo, no caso da Argentina, pode decidir fazer uma colheita antecipada com álcool baixo para obter essa acidez natural. Isso é o que fazemos para o nosso Sauvignon Blanc, colhido em três etapas. Ou conduzindo a irrigação para influir no crescimento dos ramos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário